Um "cheirinho" dos Alpes

Num dia de calor e frio, de sol e chuva (pouca, na verdade), fomos à primeira aventura pelas estradas suíças, em direcção à muito reputada região de Interlaken ("entre lagos"), bem próxima a Berna.

O panorama, quando se chega à região dos lagos, é de facto único e de prender a respiração. Os lagos são de uma imensidão que mais parecem pequenos mares interiores (os locais chamam-lhes, aliás, "zee", mar), delimitados no seu perímetro pelas majestosas primeiras alturas dos Alpes decoradas das típicas florestas alpinas já de cores outonais e de falésias de rocha que criam vertigem.

Fomos totalmente ao azar, e acabámos numa pequena vila (vimos depois, no guia, tratar-se de um ponto bem turístico) chamada Brienz. Um paraíso à beira de um lago de água cristilinas e cor turquesa. Um postal perfeito daquilo que imaginamos ser a Suíça...

                                                                   Vista sobre Brienz                   

Para não variar ovelhas e vacas (até nos mais inusitados lugares...) por todo lado! 

O lago tem uma cor turquesa quase mágica...

A madeira, matéria prima de todas as casas da vila alpina

O sol brilhava intermitante com nuvens altas, e um estrondo lá bem do alto das montanhas circundantes anunciou a chuva fina que se abateu sobre a vila pouco minutos passados.

Regressámos a Berna (40 rápidos minutos de carro, sempre em autoestrada, e passando por inúmeros tunéis) com um primeiro gosto das paisagens alpinas, e com a certeza de que o belo local onde estivemos hoje não será senão uma gota de água num oceano de atracções turísticas e espantos naturais que este país, como é aliás do conhecimento geral, reserva.

Um sábado em França... a estudar a poupança!

Após mais de um mês sem conduzir um carro ou sair de Berna, aproveitámos a continuação do outono solarengo para nos "fazermos à estrada". Não foi uma viagem longa (apenas uma hora e meia) mas levou-nos até à França, mais precisamente à cidade de Mulhouse, uma das maiores da Alsácia e a mais próxima da fronteira suíça (e alemã, também).

Não vimos absolutamente nada da cidade, pois a missão era estudar os preços do supermercados locais, face ao custo de vida assombroso de Berna. Missão cumprida, já que os preços dos locais onde estivemos estão, para muitas coisas, a um terço dos praticados na capital suíça! Sinal de que voltaremos muito regularmente àquelas paragens.

E que bom ler, ouvir e falar francês em abundância...

O paraíso à porta...

Desde a primeira visita que ficámos fascinados (nada menos do que isso) pelo magnífico parque que temos à porta de casa, recortado pelo rio Aare límpido como só nesta pacata capital seria possível, e por onde vemos passarem "bernenses" levados, de boa e propositada vontade, pela corrente... Uma floresta imensa e desregrada compõe o parque, conferindo um sentimento de afastamento instantâneo da envolvente urbana, e mais parecendo que estamos já junto aos Alpes, a quilómetros de distância. Mas não, estamos a dois minuos a pé de casa!

O jardim zoológico de Berna encontra-se "diluído" no interior do parque, grande parte à vista dos transeuntes, e outra numa área fechada, e à qual se tem acesso pagando, como em qualquer outro parque. Fantástico e surpreendente é caminharmos pela primeira vez na densidão de verde e sermos surpreendidos pelos gritos dos flamingos e pelo zurrar dos bisontes...

Temos ido todos os dias com a Joana, que adora "meter-se" com os patos, os pelicanos, os flamingos, as lontras, os veados, os javalis e sei lá mais quem! E atirar pedras ao rio é também uma nova brincadeira que traz risadas...

A água, acreditem se quiserem, está fresca mas com sol bem propícia a uma (corajosa) banhoca. Neste fim de semana está prometida!

O espaço para os pequeninos brincarem tem feito as delícias da Joana, que cada vez mais sente falta de amiguinhos...

Aquecimento global em Berna...

Parece que no ano passado, por esta altura, estavam máximas de 10º e chuva. Pois chegámos faz hoje precisamente um mês, e tivemos um par de dias feios, o resto tem sido um tempo muito bonito, máximas de 25º, noites fresquinhas, boas para dormir, mas um céu azul imaculado na maior parte dos dias. Tivemos sorte, dizem-nos, e a coisa não tardaria a ficar séria. Veremos.

Efemérides de Setembro...

No passado dia 14, festejámos o nosso primeiro ano de casados com o primeiro jantar "digno do nome" na nova casa.

E hoje, dia 23 de Setembro, há já quatro anos atrás, chegávamos a Belo Horizonte, onde tomava início o nosso périplo pelo estrangeiro, e que persegue agora noutro continente, noutro país, mais precisamente nesta cidade de Berna onde chegámos, curiosamente e por mera coincidência, há precisamente um mês atrás...

Vida de hotel...

Não guardamos saudades nenhumas, mas não deixámos de nos divertir no hotel onde tivemos de ficar bem para além do desejado. A confusão de roupas por todo o lado, a pequenina a fazer tudo para aumentar mais ainda a anarquia instalada nos "nossos" poucos metros quadrados "provisórios". Coisas desta vida de saltimbancos...

Boas caminhadas fizemos com a Joana, ladeando os campos junto ao hotel para dar o olá diário às vaquinhas nossas surpreendentes vizinhas numa capital europeia!

Duas semanas dos papéis aos caixotes...

De um lado, entrar nas rotinas e nos hábitos do novo trabalho que, sem ter um ritmo alucinante, traz bastante coisa nova. Entender o próprio país e a psiche dos seus habitantes, também no plano profissional, promete ser um vivo desafio...

Por outro lado, no campo pessoal, nova casa, velhas - nem tanto assim - coisas, muito trabalho de limpeza, selecção e arrumação. Só hoje, já lá vão duas semanas da primeira noite da casa, a dona da casa declarou a casa "oficialmente arrumada". Se houver fita para cortar ou monumento inaugural, não deixarei de tirar foto.

A já tradicional fotografia de "primeiro dia ao trabalho"!

Uma surpresa nas mudanças!

Caixas, caixinhas e caixotes: chegaram as mudanças!

Agora que já temos internet em casa, cá vão as notícias: as nossas coisas chegaram finalmente!

E tudo em ordem, o que não deixa de ser uma óptima notícia se tivermos em conta que atravessaram o oceano até a Antuérpia, foram transferidas para uma barca até à fronteira suíça, e finalmente num camião até Berna...

A casa, que nos parecia tão grande vazia, revela-se agora, se não "à conta", pelo menos adequada às muitas coisas que fomos juntando pelo Brasil, e fora dele, nestes últimos anos.

 O primeiro jantar na nossa nova casa foi bem "básico" mas memorável...

E a casa ainda ficou mais de uma semanita entulhada de caixas, caixinhas e caixotes. Face a esta nova mudança, com mais de 600 caixotes, parece-nos evidente que temos de PARAR DE COMPRAR COISAS!

Um domingo luminoso...

Esteve um fim-de-semana fantástico em Berna e aproveitámos ao máximo o bom tempo, pois não sabemos o que nos traz o inverno suíço...

A cidade beneficia muito de um céu azul para ser apreciada no seu pleno esplendor. E ao domingo o centro semi-deserto oferece-se às mil vontades das lentes dos turistas...

»» A "Bundeshaus", parlamento suíço.

Estratégias comunicativas...

Parte da piada deste novo posto advém do meu quase completo desconhecimento da língua "nativa". Os meus quatro anos de alemão, que já levam décadas, esbatem-se contra o meu esquecimento e falta de prática e, para mais, contra o dialecto local suíço-alemão (que nem os alemães, aliás, compreendem). Têm-se sucedido situações mais ou menos cómicas, já que em muitos locais públicos não há inglês nem francês que valha.

A estratégia inicial foi o recurso imediato ao francês, seguido do inglês. Já inverti o processo, dado que um "do you speak english" tem sido, ainda assim, mais efectivo e, sabe-se-lá porquê, o atendimento revela-se mais bem humorado. Coisas de um país dividido em três...

Finalmente um passeio mais demorado pelo centro histórico...

Hoje, com um dia bonito após dois dias pavorosos, demos finalmente uma volta mais descansada pelo centro de Berna, pela manhã. Fomos visitar os vários mercados que preenchem as ruas históricas da cidade todos os sábados. Tudo caro, caríssimo para bolsas portuguesas...

Passámos novamente pela Zytglogge (Torre do relógio), inevitável ponto de entrada no centro histórico.  Fomos até ao majestoso edifício neo-renascentista do Palácio do Parlamento Federal (Bundeshaus).

Demos uma primeira "espreitadela" à catedral de Berna, iniciada no século XIV e terminada apenas no XIX. O mais alto edifício religioso da Suíça. Um simpático mercado de artesanato em volta da praça da igreja, mas sobretudo uma bela vista sobre o rio Aare.






                                                             

E vagueámos sobretudo pelas arcadas do centro, ocasionalmente inundadas de um saboroso sol, sem outro objectivo que não fosse "tomar o pulso" à cidade. Antiquários e lojas de tapetes. Lojas de roupa e artigos domésticos. Agências de viagem e pequenos cafés/restaurantes. Tudo em aparente pacífica anarquia.

Pelo seu pequeno centro histórico, onde parece que acabamos por andar inevitavelmente à voltas, Berna é definitivamente uma cidade bonita, histórica, interessante... e cara!