Na próxima Terça-Feira é dia de beijinhos mil...
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Obrigado Skype! Já falta pouco para o reencontro...
Hoje foi dia de exame médico, e tudo está muito bem! O Bernardo já tem mais 800 gramas!
Na próxima Terça-Feira é dia de beijinhos mil...
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terça-feira, 14 de junho de 2011
Retour en Provence: de Avignon ao Mediterrâneo
Com um fim-de-semana prolongado e mau tempo por Berna e pela Suíça, não restou outra solução que não fosse rumar a Sul! Num regresso à Provença, ao encontro do sol, da História e do espírito de férias da região sudeste de França, foi ocasião de visitar mais alguns ex-libris que ali se encontram: Avignon, Orange (por onde passáramos "de fugida") e Aix-en-Provence. Em caminho, por feliz acaso, também Château-Neuf du Pape, terra de famosos vinhos. E já que a passos largos se aproxima a costa, finalmente um primeiro vislumbre do Mediterrâneo francês, após várias visitas já realizadas à riviera italiana. Um pequeno périplo por Marselha e região próxima. A Côte D'Azur ficará para uma visita com a família ao completo...
- A "CIDADE DOS PAPAS" -
Avignon era um destino há já algum tempo na "agenda" de visitas. Destino fortemente turístico, sobretudo pelas suas duas principais atracções, o Palácio Papal e a ponte onde, segundo a canção popular, "on y danse tous en rond", a cidade é apontada por muitos (desde logo pelo guia) como a mais bela do Sul de França. A verdade é que, merecendo ou não esse título invejável, esta cidade medieval que mantém intactas as muralhas que a defenderam em tempos idos, respira história mas também aquele aroma bem provençal de relaxamento, a que muito ajudam as habituais temperaturas por esta época (em Berna estavam 18º, em Avignon 28º!).
Centenária mas elegante fachada de prédio da zona baixa de Avignon
Escadaria medieval conduzindo à praça
do Palácio dos Papas
Avignon vive literalmente à sombra do Palácio dos Papas (Palais des Papes). Este não é grande, nem mesmo muito grande. É colossal! O maior palácio que já visitei nestes anos de viagens pelo mundo. Não é, aliás, propriamente um Palácio, mas antes uma fortaleza cujos muros (muralhas, de facto) defenderam o poder dos nove papas que nele residiram por grande parte do século XIV.
O interior do Palácio não é tão impressionante quanto a sua fisionomia externa, já que todo o recheio se perdeu pelas pilhagens da História (em particular no período revolucionário de finais do século XVIII). Mas vale uma visita pela grandiosidade de salas como a das Audiências ou do "Tinel" (onde decorriam os jantares oficiais, verdadeiras orgias gastronómicas, oferecidos pelos Papas - foto ao lado), pela riqueza das pinturas medievais nas parcas salas onde estas sobreviveram, ou ainda pela vista panorâmica sobre Avignon dos terraços do Palácio.
Vista sobre a "Petite Cour d'Honneur", da parte mais antiga
do palácio, da primeira metade do século XIV
O "Tinel", local de magnas comezainas
A Ponte de Avignon, que se chama de facto Ponte de Saint-Bénézet (nome do pastor que, diz a lenda, foi incumbido por Deus de convencer os avignonais a erguer a dita ponte no século XII), é outro lugar de referência da cidade, e talvez a mais famosa ponte das Gálias, consagrada no folclore francês pela célebre canção festiva segundo a qual os populares nela se juntavam para dançarem em alegres rodas. Por força de violentas cheias no século XVII, esta famosa ponte deixou desde então de prestar os serviços para os quais foi criada, apenas cobrindo hoje parte do Ródano, terminando a meio do rio franco-suíço.
Junto ao Palácio Papal merece destaque o edifício do Petit Palais, antiga residência dos arcebispos iniciada no século XIII, e que recebeu convidados da grandeza de César Bórgia ou Luís XIV. É hoje sede de um dos mais belos museus da cidade, exibindo pinturas e esculturas medievais.
Panorama sobre o Petit Palais, com a Ponte Saint Bézénet à esquerda
e o Forte de Saint André em pano de fundo, do outro lado do rio Ródano
Avignon concentra-se hoje, para além da praça do Palácio Papal, junto à Place de l'Horloge, onde se encontram o Teatro, a Câmara Municipal, um carrossel centenário, além de incontáveis restaurantes. Com a sua animação e os seus ex-libris bem valorizados, a cidade cumpriu com as altas expectativas criadas.
- ORANGE -
A curta distância de Avignon, a pacata cidade de Orange "esconde" dois monumentos romanos de excepção em França e na Europa, um Teatro Antigo, com um muro de cena que se manteve em pé por dois mil anos, e um Arco de Triunfo notável.
Em semelhante estado de conservação ao do Teatro romano de Orange, apenas existem no mundo dois outros, ambos no Médio Oriente. Erguido em inícios do primeiro século depois de Cristo, tinha capacidade para oito a dez mil espectadores, e ainda hoje serve de palco para espectáculos que já trouxeram à moderna cidade os mais importantes nomes do teatro e da ópera dos nossos dias. Impressionam as dimensões do muro de cena, com quase quarenta metros de altura e mais de cem de largura, e que continua dominado, como há dois mil anos atrás, pela estátua majestosa do Imperador Augusto, a quem eram dedicadas todas as peças ali representadas.
Pela idade média o espaço serviu de habitação e chegou a acolher um pequeno bairro dentro do seu recinto, destruído no século XVIII. Nessa altura, Luís XIV poupou o muro de cena a uma anunciada destruição tendo-se impressionado com as suas dimensões e preservação ("o mais belo fundo de palco do reino", terá então dito). Durante a Revolução Francesa foi uma prisão. Só no século XIX foi devolvido ao brilho de outras eras, e à sua função inicial.
O Arco de Triunfo de Orange é a outra preciosidade da cidade, erguido cerca de 20 d.c. em honra dos soldados da segunda guerra de conquista das Gálias, está ricamente ornamentado com cenas de batalhas alusivas à integração no império romano daquelas novas possessões.
- CHÂTEAU-NEUF DU PAPE -
Limita-se a ser hoje uma muito conhecida referência no que a vinhos Côte du Rhône diz respeito. E, de facto, do tal "Castelo-Novo" cuja construção os papas ordenaram no século XIV, quase nada resta hoje além de bucólicas ruínas, mas o local oferece vistas magníficas sobre a região de Avignon entendendo-se bem a escolha daquele promontório para a fortaleza. As vinhas que os papas mandaram plantar, essas, continuam a prosperar e a produzir um dos mais conhecidos vinhos de França.
- AIX-EN-PROVENCE -
De tanto ter ouvido falar de Aix-en-Provence como símbolo da região (e chegou, de facto, a ser capital da Provença nos finais do século XII), esperava encontrar uma vila pacata, tipicamente provençal. Dei de caras com uma grande cidade, mas muito bem organizada e florida, e com uma absoluta, inegável e contagiante atmosfera de férias que já não lembra tanto a Haute-Provence mas antes prenuncia o bord-de-mer que se aproxima, o Mediterâneo a uma trintena de quilómetros.
Conhecida pelas suas fontes, a cidade que o pintor impressionista Paul Cézanne universalizou vive em torno de uma larga e fresca avenida, o Cours Mirabeau, que reúne a maior parte dos melhores restaurantes, e consequentemente dos turistas. Depois de errar uma hora pelas ruas de Aix-en-Provence, saí com a sensação de que a cidade precisa de muito mais tempo para que se possa, na calma de uma esplanada protegida pelas copas dos omnipresentes plátanos do Cours Mirabeau, entre um pastis e o próximo, apreender o seu verdadeiro ritmo pausado de carpe diem à la provençale.
Estátua do "Bon Roi René", poderoso e
justo soberano do século XIV
Uma elegante fonte, entre muitas
- MARSELHA -
Marselha, terceira maior cidade de França, fundada pelos gregos no século VII a.c. com o nome de Massilia, é um pequeno "monstro" urbano mas, se compararmos com a outra cidade portuária referência da região, Génova, aparenta ser bastante mais organizada, e menos intimidatória. Os Romanos fizeram deste que é hoje o maior porto francês uma porta de comércio entre o Oriente e o Ocidente, destino que continua nos nossos dias a cumprir enquanto elo de ligação privilegiado entre o Norte de África e o continente europeu.
Na curta visita à cidade, mereceu destaque a zona do porto (Vieux-Port) pululando de embarcações atracadas e revelando a importância de primeiro plano que a cidade mantém no contexto mediterrânico. Os melhores panoramas do porto obtêm-se do cimo do Forte de Saint Nicolas.
Na curta visita à cidade, mereceu destaque a zona do porto (Vieux-Port) pululando de embarcações atracadas e revelando a importância de primeiro plano que a cidade mantém no contexto mediterrânico. Os melhores panoramas do porto obtêm-se do cimo do Forte de Saint Nicolas.
As portas do Mediterrâneo...
Vista sobre o Palais de Pharo, construído a mando de Napoleão III, na segunda
metade do século XIX, mas que o último rei de França nunca chegou a ocupar
Junto ao centro da cidade, a zona de restaurantes do Hotel de Ville (edifício setencentista magnífico, diga-se) e o mercado de peixe, junto ao cais onde desemboca o agitado bairro de La Canebière, são os lugares de maior animação. No alto da cidade ergue-se, dominadora, a basílica de Notre-Dame-de-la-Garde, de meados do século XIX. O outro monumento religioso de importância de Marselha, localizado no extremo oposto das docas face ao Forte de Saint Nicolas, é a Cathédrale Sainte-Marie-Majeure, em estilo neobizantino, maior igreja francesa erguida no século XIX, e onde repousam os bispos da cidade.
Uma amiga marselhesa, com a Catedral
de Notre-Dame-de-la-Garde em pano de fundo
Edifício setecentista do Hôtel de Ville, o único do bairro a ter
"sobrevivido" aos efeitos da ocupação nazi em 1943
Fachadas do Vieux-Port
É só escolher! Fresquinho fresquinho!
Respira-se a "joie de vivre" no cais de Marselha
O coração da cidade, no bairro Canebière, com o belo Palácio da Bolsa,
e o omnipresente Forte de Saint Nicolas em pano de fundo
Pormenor do Palácio da Bolsa
Prédio do centro antigo
E Marselha também tem uma "casa dos bicos"! E esta hein?
Mais antiga casa do centro histórico, terá sido construída
por um judeu espanhol, em finais do século XVI. Será que trouxe
consigo os planos da de Lisboa, ou será que era até português?
A bela Catedral de Marselha, maior edifício religioso
construído em França no século XIX
Marselha deixou uma agradável impressão de familiaridade a quem tem nos genes o "Sul", e revelou-se bem mais hospitaleira do que as expectativas criadas, para mais num dia de clima idílico. Será sem dúvida um "porto seguro" para futuras visitas.
- CASSIS -
A uns vinte minutos de carro de Marselha, a bela estância balnear de Cassis é a "Cascais" do sítio. Trata-se, aliás, mais de uma combinação feliz das "nossas" Sesimbra, nos acessos sobranceiros ao mar, e Albufeira na parte baixa da cidade, com a diminuta praia apertada contra os rochedos do Cap Canaille. Já a marina contígua à praia traz de imediato à mente Vilamoura, embora de menores dimensões.
Poupado à voracidade do turismo de massas que deturpou em termos urbanísticos, e de forma irremediável, muitos locais da Riviera, este pequeno porto de pesca soube preservar o seu encanto original, fazendo de Cassis hoje o lugar mais charmoso da região próxima de Marselha.
A região de Cassis oferece panoramas soberbos sobre os omnipresentes vinhedos (que produzem um afamado vinho branco seco) e o azul desconcertante do mar. A vista da Route des Crètes é imperdível. Uma visita de barco às célebres calanques, pequenas enseadas rodeadas de falésias vertiginosas, é também um ex-libris local, mas por falta de tempo figurará na agenda de uma próxima visita.
Cassis foi uma excelente aposta para a promenade de Sábado à noite e para o mergulho no ainda frio Mediterrâneo no Domingo, em jeito de despedida diante de sete horas de caminho de regresso à fria Berna!
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